Boca assassina

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O começo do ano vem cheio da expectativa de notícias melhores. E que tal começarmos a corrente e escolhermos palavras melhores nas nossas conversas?

Tome por exemplo a expressão “se matar de”. Vejo pessoas dizendo que estão se matando de estudar, se matando de fazer dieta, se matando de trabalhar etc. Por outro lado, não vejo muita gente dizendo que está se matando de beber, de comer porcaria ou de dormir sem controle.
Mas qual é o problema de alguém falar que está se matando de fazer algo? O ruim dessa expressão é que ela normalmente associa esforço a morte. Pode não parecer grande coisa, mas é. Faz as coisas parecerem mais difíceis do que de fato são, e afasta quem pensa em tentar fazer algo que exija trabalho duro, mas tem medo de fracassar.
A grande questão é que essa e outras expressões que usamos no dia a dia demonstram quão pobre  é o nosso conhecimento sobre o poder da língua falada. Elas escancaram nossa negligência em escolher com sabedoria as palavras.
Pode parecer preciosismo, ou supervalorização da frase “palavra tem poder”. Mas não nos enganemos, pois tem mesmo.
O próprio Deus se comunica conosco por meio da Bíblia, que é sua Palavra revelada. O Senhor Jesus é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós, e foi Ele quem disse que a boca fala do que está cheio o coração. Pelo modo de falar, Pedro foi reconhecido como um de seus seguidores.

De outra sorte, pessoas são destruídas todos os dias por conta de agressões verbais, pensadas ou não. O assédio de maneira geral tornou-se um problema conhecido, mas não desapareceu por conta disso.
O palavreado não só revela nosso modo de pensar, mas também o molda. Para ouvidos afiados, a fala expõe não só a ideia principal, mas as próprias âncoras do pensamento. Por ela também é que chegam o consolo, o fortalecimento e a esperança. E é por isso que precisamos ter muito zelo com o que falamos. Conforme o apóstolo Tiago, não é bom que da mesma boca procedam benção e maldição. Não pode ser assim, e dá trabalho não ser assim.
Já abordei esse assunto em outras oportunidades, falando por exemplo das piadas deprimentes. Não precisamos transformar tudo em poesia nem pisar em ovos para abrir a boca. Meu apelo hoje é que, no ano que já começou, tenhamos mais atenção à palavra falada, porque assim como a flecha lançada e a oportunidade perdida, ela não volta. Tem sempre alguém te ouvindo.

2 Respostas to “Boca assassina”

  1. mediatores Says:

    Well done!!!

  2. Gabriela Says:

    Excelente observação. Feliz 2018.

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