Afinal, o que é necessário para moralizar o Brasil?

As eleições ainda não acabaram e eu já estou cansado do debate até aqui. Só o que vimos até agora foram ataques pessoais entre os candidatos e quase nada de propostas realmente relevantes para o País.

Enquanto isso, muita gente se engalfinha nos grupos virtuais, sem se importar se vai morrer sem a família e os amigos, contanto que morra do lado certo. A eleição nos mostra que dinheiro a gente pode até não ter, mas que tempo está sobrando.

O que me cansa é constatar que a maior parte dessa discussão é combustível queimado à toa. Um apelo à racionalidade soa brega e cafona.

O Brasil vai melhorar quando as pessoas melhorarem. A responsabilidade de transformar este país de barbárie num lugar realmente seguro e civilizado é individual. Não importa se vamos votar no Bolsonaro ou no Haddad, isso só não basta.

Para consertar a nação, precisamos agir como uma. Devemos abandonar comportamentos predatórios, privilégios e maus hábitos. É muito bom poder votar e falar mal dos políticos na Internet, mas pra mudar mesmo, precisamos parar de sobreviver pra viver de fato, pensar em nossas atitudes diárias. E dá bastante trabalho.

A maioria de nós, e eu me incluo nessa conta, não quer deliberadamente atrapalhar a sociedade brasileira, mas o faz sem perceber. Sabemos que o errado é errado e o fazemos mesmo assim, frequentemente com uma boa desculpa de sobrevivência – “se não fizer assim, eu fico sem”, “se não for esperto, as pessoas passam por cima de você”, “tô com pressa”, “quando sou eu, as pessoas falam mal”.

Minha sugestão pra essas eleições é realmente exercitar a empatia, não com os outros, mas com os candidatos. Você se candidataria a governar o Brasil? Você tem valores sólidos o suficiente pra ser um exemplo na sociedade? Outras pessoas podem imitar seu comportamento e seus hábitos sem medo? Seu celular pode ser consultado pelo cônjuge ou por quem quer que seja sem perigo nem dor na consciência? Seu quarto é organizado? Que testemunho dariam as pessoas que te rodeiam sem que você soubesse?

Perguntas assim demonstram que é difícil manter uma vida organizada, mas é de vidas que um país é feito. Afinal, sem as pessoas o Brasil seria apenas um pedaço de terra bonito e deserto. Mas nós temos a chance todos os dias de eleger bons hábitos e de fazer pequenas mudanças no nosso cotidiano pra melhorar as coisas.

Não estou dizendo que escolher governantes não seja importante. É, sim, mas talvez possamos gastar melhor nossa energia com o que acontece ao nosso redor ao invés de brigar com a tia no WhatsApp. Existem parcelas de pessoas e de coisas sobre as quais cada um de nós tem poder. Que uso estamos fazendo dele?