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Good News X Fake News

janeiro 18, 2018

homer

A última eleição presidencial americana ficou conhecida pela controvérsia e pela presença das notícias falsas, nunca tão exploradas no jogo democrático quanto no recente episódio. As fake news se tornaram uma ameaça inignorável e já começam a aparecer no desenho das eleições brasileiras. Esse vai ser um longo ano.

Agora com um nome em inglês, a brasileiríssima fofoca ganhou novo alento e impõe mais uma dificuldade na já penosa tarefa que é votar no País. Mais do que nunca, somos obrigados a checar tudo que lemos e a desconfiar de grande parte do que nos é oferecido, especialmente pelas pessoas de convívio mais próximo.

A mentira tem perna curta, mas isso não quer dizer que ela não seja capaz de correr bem rapidinho. As fake news tem o poder mágico de despertar fortes emoções e viralizam  nas asas do pânico ou da euforia que provocam.

Grande parte de seu poder se esvai diante de uma análise qualquer que cheque sua veracidade. Mas saber o antídoto não nos livrará dos custos associados à ativa separação do joio e do trigo na Internet. Espere queimar tempo e fosfato nessa tarefa enfadonha.

O que mais chama a atenção é que essa prática tenha sido tão disseminada em países ditos cristãos. Sim, a Rússia deu uma ajuda no caso dos Estados Unidos, mas e depois? A coisa se desenrolou facilmente por meio da propagação entre as pessoas, muitas delas julgando ajudar sua audiência. Já no Brasil, país tido como católico, sabemos que a futrica política vai rapidamente levantar voo e importunar todo mundo.

Aparentemente nos esquecemos de alguns dos fundamentos da fé cristã. Vale lembrar: Evangelho significa “boas notícias”. A Palavra de Deus, boa e justa, nos chama a ser portadores das boas notícias de Cristo, salvação para o mundo. Ela também condena com todas as letras a mentira e a propagação de contendas.

A Bíblia vai ainda mais longe e diz que nossas palavras devem ser sim, sim, não, não. Há sérias advertências contra a boataria e contra o falso testemunho. É também nela que lemos que, antes de fechar questão sobre um assunto, devemos examiná-lo com diligência. Veem-se noções de discernimento e de senso crítico presentes em um livro tido como ultrapassado e batido, rejeitado por grande parte da classe política e das sociedades brasileira e americana.

E o que podemos fazer pra diminuir o poder corrosivo das fake news? Podemos começar não espalhando tudo que chega no WhatsApp a esmo. Podemos, antes de encaminhá-las, checar rapidamente no Google se aquele conteúdo tem fontes, datas e nomes. E acima de tudo, podemos manter um desconfiômetro funcional para as lorotas que vem por aí. Não que seja necessário pensar muito sobre isso: ninguém gosta de ser enganado.

 

 

Boca assassina

janeiro 11, 2018

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O começo do ano vem cheio da expectativa de notícias melhores. E que tal começarmos a corrente e escolhermos palavras melhores nas nossas conversas?

Tome por exemplo a expressão “se matar de”. Vejo pessoas dizendo que estão se matando de estudar, se matando de fazer dieta, se matando de trabalhar etc. Por outro lado, não vejo muita gente dizendo que está se matando de beber, de comer porcaria ou de dormir sem controle.
Mas qual é o problema de alguém falar que está se matando de fazer algo? O ruim dessa expressão é que ela normalmente associa esforço a morte. Pode não parecer grande coisa, mas é. Faz as coisas parecerem mais difíceis do que de fato são, e afasta quem pensa em tentar fazer algo que exija trabalho duro, mas tem medo de fracassar.
A grande questão é que essa e outras expressões que usamos no dia a dia demonstram quão pobre  é o nosso conhecimento sobre o poder da língua falada. Elas escancaram nossa negligência em escolher com sabedoria as palavras.
Pode parecer preciosismo, ou supervalorização da frase “palavra tem poder”. Mas não nos enganemos, pois tem mesmo.
O próprio Deus se comunica conosco por meio da Bíblia, que é sua Palavra revelada. O Senhor Jesus é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós, e foi Ele quem disse que a boca fala do que está cheio o coração. Pelo modo de falar, Pedro foi reconhecido como um de seus seguidores.

De outra sorte, pessoas são destruídas todos os dias por conta de agressões verbais, pensadas ou não. O assédio de maneira geral tornou-se um problema conhecido, mas não desapareceu por conta disso.
O palavreado não só revela nosso modo de pensar, mas também o molda. Para ouvidos afiados, a fala expõe não só a ideia principal, mas as próprias âncoras do pensamento. Por ela também é que chegam o consolo, o fortalecimento e a esperança. E é por isso que precisamos ter muito zelo com o que falamos. Conforme o apóstolo Tiago, não é bom que da mesma boca procedam benção e maldição. Não pode ser assim, e dá trabalho não ser assim.
Já abordei esse assunto em outras oportunidades, falando por exemplo das piadas deprimentes. Não precisamos transformar tudo em poesia nem pisar em ovos para abrir a boca. Meu apelo hoje é que, no ano que já começou, tenhamos mais atenção à palavra falada, porque assim como a flecha lançada e a oportunidade perdida, ela não volta. Tem sempre alguém te ouvindo.