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O Canadá e a malinha

novembro 7, 2018

canada robin

Viajar não é um dos meus hobbies preferidos. Não tenho a wanderlust, reconheço. Mas tenho uma mãe, uma irmã e um cunhado que tem, e graças a eles conheci muitos lugares maneiros. Hoje mesmo faz poucos dias que voltei de uma viagem ao Canadá.

E que viagem impressionante essa foi. O Canadá é um país multicultural e, ouso dizer, ainda mais diverso do que o Brasil, por causa do intenso fluxo migratório e, sim, dos dois idiomas oficias, o francês e o inglês.

Além das muitas belezas naturais que tive a oportunidade de ver e de tocar, pude experimentar outra benece canadense reconhecida mundialmente: a educação. Por educação não quero dizer instrução formal, e sim modos e polidez.

É claro que nem todos os imigrantes tiveram tempo de assimilar a cultura local, e eles são muitos. Mas, em geral, dá quase para pegar na mão a preocupação dos canadenses com a civilidade. As palavrinhas mágicas perderam seu encanto por lá e ganharam o ainda mais elevado grau de palavras corriqueiras, faladas em tom amável e respeitador.

O cuidado ficou ainda mais evidente no trânsito canadense. Das ruas lotadas de Vancouver às retas sem fim de Alberta, passei mais estresse aprendendo as leis locais do que tentando evitar acidentes. De fato, há muito respeito aos ciclistas e pedestres, mesmo em meio ao trânsito carregado. Nos cruzamentos, os motoristas param longe dos pedestres e esperam calmamente até que a via esteja livre. E não importa se só deu tempo de passar um carro antes de o sinal fechar de novo.

De fato, as pessoas no Canadá gastam muito menos tempo e energia se defendendo umas das outras do que aqui no Brasil. Existe a verdadeira segurança pública, responsabilidade de todos, mas aqui acreditamos que ela seja um conceito. Lá elas podem se dar ao luxo de viver mais pacificamente e de aproveitar mais o que realmente importa. Elas não ficam inquietas com a possível aparição de dois caras numa moto pedindo o celular.  Há bairros difíceis, sim, mas é a violência que está sob controle, e não as pessoas.

“Se lá é tão bom, por que você não ficou por lá e parou de reclamar do Brasil?” Porque eu gosto daqui. Essa é uma pergunta, inclusive, que qualquer canadense pensaria bastante antes de fazer. Eu gosto do clima do Brasil, das pessoas que me cercam aqui, das áreas verdes de Brasília e do suco de laranja, e acredito que o País tem mais potencial do que o Canadá para ser uma potência. Podemos reclamar do calor, mas definitivamente não sabemos o que é aquele frio miserável que eles passam por lá.

Mais uma vez, aprendi muito em mais uma viagem com a minha família. Creio que todo mundo que viaja volta com a malinha do pensamento maior do que quando partiu. Meu desejo é aplicar e ver outras pessoas aplicando todo esse aprendizado em prol de uma vida melhor, de uma sociedade melhor. Quem sabe numa noite fresca, depois de um bom jantar, poderemos voltar a pé pra casa, não temendo nem motoristas assassinos, nem dois caras numa moto.